terça-feira, 28 de abril de 2020

Lembramos espectáculos que fizemos. Na próxima quinta, 30 de Abril, publicamos no Facebook e Youtube UMA PEÇA DE CADA VEZ - A Vertigem dos Animais Antes do Abate de Dimitris Dimitriadis. E na terça, 5 de Maio, pode ouvir A REVIRAVOLTA de Almeida Faria. Às 19h00 no Teatro Sem Fios, na Antena 2. E por estes dias publicamos o Livrinho de Teatro 133, Nevoeiro, Dinamarca, Sul de Lluïsa Cunillé, disponível na nossa livraria on-line.



UMA PEÇA DE CADA VEZ

Lembramos espectáculos que fizemos. Sim, o teatro fica na memória e é segredo entre nós. Mas digam aos outros que existimos. Uma peça de cada vez.

Disponível a 30 de Abril no Facebook YouTube dos Artistas Unidos


Fotografia © Jorge Gonçalves





A REVIRAVOLTA de Almeida Faria 

Na Antena 2, no Teatro Sem Fios, a 5 de Maio às 19h00

São as mesmas personagens que descobrimos em 1964 no seu romance PAIXÃO. E que o têm acompanhado desde então naquilo a que chamou a TETRALOGIA LUSITANA. A senhora, viúva, Marina, a criada, Piedade, o caseiro, Moisés, o filho mais velho de Marina. Numa grande herdade do Alentejo. Mas agora estamos em 1974, os ventos mudaram, as vozes da revolta passaram de surdina a primeiro plano. “Eu próprio – diz Almeida Faria, o autor – fechei-as durante anos à chave no sótão do passado e, julgando que as esquecera, andei por outras paragens. Mas a minha ilusão de esquecê-las era ingénua: porque, na sua persistência, elas é que não se esqueceram de mim, nunca pararam de suspirar, de murmurar, de sussurrar-me os seus anseios e pavores.” Um teatro de vozes, um teatro de sombras nas convulsões da História. Alentejo, 1974.



Livrinhos de Teatro

Número 133 - Nevoeiro, Sul, Dinamarca 
de
 Lluïsa Cunillé

Disponível em breve na nossa Livraria On-Line.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Na sexta-feira, 27 de Março é Dia Mundial do Teatro. E o que conseguimos fazer é ler RESTOS, um dos últimos textos de Bernardo Santareno. No Teatro Sem Fios da Antena 2, pelas 19h00. Assim iniciamos as comemorações do Centenário. Com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores.



Na Antena 2, 27 de Março às 19h00 
Repete a 5 de Abril às 14h00 e a 10 de Abril às 05h00


Um rapaz e uma rapariga num quarto desarrumado. Vamos sabendo um pouco das suas origens, dos seus percursos. Da droga em que se refugiaram naqueles anos de desencanto depois da Revolução. 
Pois, estes são os jovens que não lutaram, que nunca tiveram esperança.
No final dos anos 70, Bernardo Santareno escreve várias peças curtas que agrupa sob o título Os Marginais e a Revolução (1979): A ConfissãoMonsantoVida Breve em Três FotografiasRestos é a derradeira. Nenhuma esperança aqui. Nem alegria. Estamos no refluxo da vida, são "cadáveres adiados que procriam".

segunda-feira, 9 de março de 2020

E é já na 4ª 11 de Março que voltamos a fazer UMA SOLIDÃO DEMASIADO RUIDOSA a partir do romance de Bohumil Hrabal. Só até 28 de Março, no Teatro da Politécnica. E na 2ª, 16 de Março, estaremos na Biblioteca da INCM. Nuno Gonçalo Rodrigues e Jorge Silva Melo lêem Marcos Foz. É A VOZ DOS POETAS.


UMA SOLIDÃO DEMASIADO RUIDOSA a partir do romance de Bohumil Hrabal de e Com António Simão Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos M12

No Teatro da Politécnica de 11 a 28 de Março
3ª e 4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb. às 16h00 e às 21h00

Em Almada, no Teatro Municipal Joaquim Benite de 3 a 5 de Abril
Nas Caldas da Rainha, no Teatro da Rainha de 21 a 23 de Maio
No Cacém, no Auditório Municipal António Silva a 30 de Maio

“O céu não é humano e o homem que pensa nem sequer pode ser humano.”
Bohumil Hrabal

Criado em 1997, com estreia no CCB, os Artistas Unidos retomam agora, 23 anos depois, um espectáculo criado por António Simão a partir da novela de Bohumil Hrabal, autor maior. Não é uma reposição, é uma revisão da matéria dada.

Em Praga, há uma cave. Brilhante como uma gruta de tesouros. Sombria e suja como um esgoto. Nessa cave há milhares de livros, centenas de ratos, visões passageiras e palavras que tornam o mundo grande. E há um homem, Hanta. Que há 30 anos empurra afectuosamente os livros, os mais belos e mais banais, para a prensa que os tritura e transforma em cubos de papel. Mas Hanta é um “carniceiro terno”. Sabe salvaguardar as palavras guardando-as na memória, para que elas brilhem que nem sóis, e para que esses sóis o ajudem a ver como pode ser a vida de um homem. Por entre a poeira, o suor e o cheiro a cerveja que não pára de beber, Hanta fala-nos.

Evelyne Pieiller
Fotografia © Jorge Gonçalves



A VOZ DOS POETAS
leituras de poesia portuguesa pelos Artistas Unidos

Na Biblioteca da Imprensa Nacional (Rua da Escola Politécnica) vamos ler poesias de alguns poetas editados pela INCM. Porque gostamos de dar a voz aos poetas, voz alta.


Na Biblioteca da Imprensa Nacional, às 18h30:
16 de Março de 2020 – Marcos Foz por Nuno Gonçalo Rodrigues e Jorge Silva Melo.

segunda-feira, 2 de março de 2020

No Teatro da Politécnica: O PEDIDO DE EMPREGO de Michel Vinaver, pelo Teatro da Rainha, de 4 a 7 de Março. E logo de seguida, temos UMA SOLIDÃO DEMASIADO RUIDOSA a partir do romance de Bohumil Hrabal. De 11 a 28 de Março, no Teatro da Politécnica. E VIDAS ÍNTIMAS de Noël Coward chega finalmente a Lisboa, ao CCB, onde termina a sua carreira. De 4 a 8 de Março.



VIDAS ÍNTIMAS de Noël Coward Tradução Miguel Esteves Cardoso Com Rúben Gomes, Rita Durão, Tiago Matias, Vânia RodriguesIsabel Muñoz Cardoso Cenografia Rita Lopes Alves e José Manuel Reis Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Som André Pires Apoio Musical Rui Rebelo Encenação Jorge Silva Melo Produção Artistas Unidos Co-Produção Teatro Nacional São João e Centro Cultural de Belém M12

No CCB - Centro Cultural de Belém de 4 a 8 de Março

Devem ser muito raras as pessoas que são completamente normais, lá no fundo das vidas privadas de cada um. Tudo depende de um dado conjunto de circunstâncias. Se todas as geringonças cósmicas se fundem ao mesmo tempo e se solta a faísca certa, sabe-se lá o que uma pessoa não será capaz de fazer.

Noël Coward, Vidas Íntimas

"A frivolidade só é frívola para aqueles que não são frívolos", diz a Madame De na obra-prima de Max Ophüls. E podia aplicar-se a este teatro de dinner jackets, champanhe, rosas, camélia e muita malícia. Mas vistas agora estas Private Lives são uma das mais cruéis análises das relações matrimoniais. Sob a doçura de uma primavera na Cote d´Azur quanto veneno, quanta maldade, quanto amor perdido? Uma obra-prima que queremos revisitar, um grande autor "menorizado" e fundamental. Depois de Pinter, Williams, Miller, quem? E com um sorriso de compreensão pelas fraquezas humanas.

Jorge Silva Melo

Fotografia © Jorge Gonçalves



O PEDIDO DE EMPREGO de Michel Vinaver Tradução de Christine Zurbach e Luís Varela Com José Carlos Faia, Inês Fouto, Nuno Machado e Mafalda Teixeira Cenografia Ana Gromicho Luz Filipe Lopes Figurinos, Música e Encenação António Parra Um Espectáculo do Teatro da Rainha M14

No Teatro da Politécnica de 4 a 7 de Março4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb. às 21h00

"Diz-me Natália para que é que se trabalha? Para ganhar a vida? Mas que vida?"
Michel Vinaver, O Pedido de Emprego

Um desempregado, naquela idade em qu parece não haver futuro, é submetido a uma entrevista de avaliação de capacidades que é um verdadeiro diagnóstico do sistema - o desempregad é a figura pura da vítima -, dos modos de exclusão quando as pessoas atingem certa idade. Nestes lugares de horror, o trabalh é exercido segundo regras de marketng que obrigam as pessoas a ser peças de uma engrenagem de sedução tacanha, impondo-lhes "texto" que digam, comportamentos e olhares para com os clientes - que também não são pessoas, mas entidades financeiro-contabilísticas, pessoas-cartão-de-crédito, criaturas lucro com pernas, mas não seres físicos e mentais, afectivos. Que sociedade é esta que trata os seus como descartáveis?

Um texto maior de um dos maiores autores do século XX, Michel Vinaver.
A estreia na encenação de António Parra.

Fotografia © Margarida Araújo



UMA SOLIDÃO DEMASIADO RUIDOSA a partir do romance de Bohumil Hrabal de e Com António Simão Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos M12

No Teatro da Politécnica de 11 a 28 de Março
3ª e 4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb. às 16h00 e às 21h00

Em Almada, no Teatro Municipal Joaquim Benite de 3 a 5 de Abril
Nas Caldas da Rainha, no Teatro da Rainha de 21 a 23 de Maio
No Cacém, no Auditório Municipal António Silva a 30 de Maio

“O céu não é humano e o homem que pensa nem sequer pode ser humano.”
Bohumil Hrabal

Criado em 1997, com estreia no CCB, os Artistas Unidos retomam agora, 23 anos depois, um espectáculo criado por António Simão a partir da novela de Bohumil Hrabal, autor maior. Não é uma reposição, é uma revisão da matéria dada.

Em Praga, há uma cave. Brilhante como uma gruta de tesouros. Sombria e suja como um esgoto. Nessa cave há milhares de livros, centenas de ratos, visões passageiras e palavras que tornam o mundo grande. E há um homem, Hanta. Que há 30 anos empurra afectuosamente os livros, os mais belos e mais banais, para a prensa que os tritura e transforma em cubos de papel. Mas Hanta é um “carniceiro terno”. Sabe salvaguardar as palavras guardando-as na memória, para que elas brilhem que nem sóis, e para que esses sóis o ajudem a ver como pode ser a vida de um homem. Por entre a poeira, o suor e o cheiro a cerveja que não pára de beber, Hanta fala-nos.

Evelyne Pieiller

Fotografia © Jorge Gonçalves

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

E para a semana, no Teatro da Politécnica, recebemos O PEDIDO DE EMPREGO de Michel Vinaver, uma produção do Teatro da Rainha. E a 11 de Março temos UMA SOLIDÃO DEMASIADO RUIDOSA a partir do romance de Bohumil Hrabal. E até 1 de Março, em Setúbal, pode ver a exposição NESTES ÚLTIMOS TEMPOS de Jorge Gonçalves, na Casa da Cultura. VIDAS ÍNTIMAS de Noël Coward estará na 6ª 28 de Fevereiro no Teatro-Cine de Torres Vedras e no sábado 29 em Torres Novas, no Teatro Virgínia.


O PEDIDO DE EMPREGO de Michel Vinaver Tradução de Christine Zurbach e Luís Varela Com José Carlos Faia, Inês Fouto, Nuno Machado e Mafalda Teixeira Cenografia Ana Gromicho Luz Filipe Lopes Figurinos, Música e Encenação António Parra Um Espectáculo do Teatro da Rainha M14

No Teatro da Politécnica de 4 a 7 de Março
4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb. às 21h00

"Diz-me Natália para que é que se trabalha? Para ganhar a vida? Mas que vida?"
Michel Vinaver, O Pedido de Emprego

Um desempregado, naquela idade em qu parece não haver futuro, é submetido a uma entrevista de avaliação de capacidades que é um verdadeiro diagnóstico do sistema - o desempregad é a figura pura da vítima -, dos modos de exclusão quando as pessoas atingem certa idade. Nestes lugares de horror, o trabalh é exercido segundo regras de marketng que obrigam as pessoas a ser peças de uma engrenagem de sedução tacanha, impondo-lhes "texto" que digam, comportamentos e olhares para com os clientes - que também não são pessoas, mas entidades financeiro-contabilísticas, pessoas-cartão-de-crédito, criaturas lucro com pernas, mas não seres físicos e mentais, afectivos. Que sociedade é esta que trata os seus como descartáveis?

Um texto maior de um dos maiores autores do século XX, Michel Vinaver.
A estreia na encenação de António Parra.

Fotografia © Margarida Araújo



UMA SOLIDÃO DEMASIADO RUIDOSA a partir do romance de Bohumil Hrabal de e Com António Simão Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos M12

No Teatro da Politécnica de 11 a 28 de Março
3ª e 4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb. às 16h00 e às 21h00

Em Almada, no Teatro Municipal Joaquim Benite de 3 a 5 de Abril
Nas Caldas da Rainha, no Teatro da Rainha de 21 a 23 de Maio
No Cacém, no Auditório Municipal António Silva a 30 de Maio

“O céu não é humano e o homem que pensa nem sequer pode ser humano.”
Bohumil Hrabal

Criado em 1997, com estreia no CCB, os Artistas Unidos retomam agora, 23 anos depois, um espectáculo criado por António Simão a partir da novela de Bohumil Hrabal, autor maior. Não é uma reposição, é uma revisão da matéria dada.

Em Praga, há uma cave. Brilhante como uma gruta de tesouros. Sombria e suja como um esgoto. Nessa cave há milhares de livros, centenas de ratos, visões passageiras e palavras que tornam o mundo grande. E há um homem, Hanta. Que há 30 anos empurra afectuosamente os livros, os mais belos e mais banais, para a prensa que os tritura e transforma em cubos de papel. Mas Hanta é um “carniceiro terno”. Sabe salvaguardar as palavras guardando-as na memória, para que elas brilhem que nem sóis, e para que esses sóis o ajudem a ver como pode ser a vida de um homem. Por entre a poeira, o suor e o cheiro a cerveja que não pára de beber, Hanta fala-nos.

Evelyne Pieiller

Fotografia © Jorge Gonçalves



NESTES ÚLTIMOS TEMPOS de Jorge Gonçalves

Na Casa da Cultura de Setúbal de 1 de Fevereiro a 1 de Março

São retratos, são cenas de peças, são planos gerais, são cenas de conjunto, são momentos. Jorge Gonçalves fotografa-nos  desde 1998. E agora, depois de exposição do Teatro da Politécnica, começamos a mostrá-los nos locais nossos amigos. Tanta gente, nestes últimos tempos. Com o coração.

Jorge Silva Melo

Fotografia © Jorge Gonçalves



VIDAS ÍNTIMAS de Noël Coward Tradução Miguel Esteves Cardoso Com Rúben Gomes, Rita Durão, Tiago Matias, Vânia Rodrigues, Isabel Muñoz Cardoso Cenografia Rita Lopes Alves e José Manuel Reis Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Som André Pires Apoio Musical Rui Rebelo Encenação Jorge Silva Melo Produção Artistas Unidos Co-Produção Teatro Nacional São João e Centro Cultural de Belém M12

No Teatro-Cine de Torres Vedras a 28 de Fevereiro de 2020
Em Torres Novas, no Teatro Virgínia a 29 de Fevereiro de 2020

Devem ser muito raras as pessoas que são completamente normais, lá no fundo das vidas privadas de cada um. Tudo depende de um dado conjunto de circunstâncias. Se todas as geringonças cósmicas se fundem ao mesmo tempo e se solta a faísca certa, sabe-se lá o que uma pessoa não será capaz de fazer.

Noël Coward, Vidas Íntimas

"A frivolidade só é frívola para aqueles que não são frívolos", diz a Madame De na obra-prima de Max Ophüls. E podia aplicar-se a este teatro de dinner jackets, champanhe, rosas, camélia e muita malícia. Mas vistas agora estas Private Lives são uma das mais cruéis análises das relações matrimoniais. Sob a doçura de uma primavera na Cote d´Azur quanto veneno, quanta maldade, quanto amor perdido? Uma obra-prima que queremos revisitar, um grande autor "menorizado" e fundamental. Depois de Pinter, Williams, Miller, quem? E com um sorriso de compreensão pelas fraquezas humanas.

Jorge Silva Melo

Fotografia © Jorge Gonçalves

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

E termina já neste sábado a carreira de A MÁQUINA HAMLET de Heiner Müller no Teatro da Politécnica. De seguida, recebemos O PEDIDO DE EMPREGO de Michel Vinaver, pelo Teatro da Rainha. E voltamos a UMA SOLIDÃO DEMASIADO RUIDOSA a partir do romance de Bohumil Hrabal. De 11 a 28 de Março, no Teatro da Politécnica. Também a 11 de Março inauguramos a exposição BOSQUE de Ana Isabel Miranda Rodrigues. Chegamos a Viseu com VIDAS ÍNTIMAS de Noël Coward. No Teatro Viriato a 21 e 22 de Fevereiro.


A MÁQUINA HAMLET de Heiner Müller Tradução Maria Adélia Silva Melo Jorge Silva Melo Com Américo Silva, André Loubet, Hugo Tourita, Inês Pereira, João Estima, João Madeira, João Pedro Mamede e José Vargas Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Música original João Madeira Luz Pedro Domingos Assistência de Encenação Inês Pereira Encenação Jorge Silva Melo M12

No Teatro da Politécnica de 15 de Janeiro a 22 de Fevereiro
3ª e 4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb às 16h00 e 21h00

Quero habitar nas minhas veias, na medula dos meus ossos, no labirinto do meu crânio.
Heiner Müller, A Máquina Hamlet

Um homem ergue-se das ruínas da história para anunciar que foi Hamlet. Para escapar à violência cíclica e contínua da história, o passado é questionado e desconstruído. Longe da narrativa psicológica, a paisagem da revolução traída. “O slogan da era Napoleónica ainda se aplica: Teatro é a Revolução em marcha.”

Ainda li este texto manuscrito, passado clandestinamente da antiga RDA até à casa de Jean Jourdheuil no Bolulevard St Germain, em Paris onde tantas noites ouvi Heiner conversar bebendo uísque e café até nascer o dia. Traduzi-o então (1977?), no rescaldo do 25 de Novembro, quando sobre os nossos desejos se erguia a asa da normalização democrática. Li-o vezes sem conta, voltei a traduzi-lo. E eis que chega a altura de o lembrar. De o fazer com actores novos com quem quero conversar sobre o que perdemos, o que quisemos, o que tentámos, o que traímos, o que não soubemos, o preço desta vida que lhes deixamos, e as mulheres. E claro, convosco, falar da Esperança, imensa Maldição. Volto a Heiner Müller como quem volta àquelas longas conversas na cozinha do Jean. “Olha, já é manhã! Temos de ir dormir!”

JSM

Fotografia © Jorge Gonçalves



O PEDIDO DE EMPREGO de Michel Vinaver Tradução de Christine Zurbach e Luís Varela Com José Carlos Faia, Inês Fouto, Nuno Machado e Mafalda Teixeira Cenografia Ana Gromicho Luz Filipe Lopes Figurinos, Música e Encenação António Parra Um Espectáculo do Teatro da Rainha M14

No Teatro da Politécnica de 4 a 7 de Março
4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb. às 21h00

"Diz-me Natália para que é que se trabalha? Para ganhar a vida? Mas que vida?"
Michel Vinaver, O Pedido de Emprego

Um desempregado, naquela idade em qu parece não haver futuro, é submetido a uma entrevista de avaliação de capacidades que é um verdadeiro diagnóstico do sistema - o desempregad é a figura pura da vítima -, dos modos de exclusão quando as pessoas atingem certa idade. Nestes lugares de horror, o trabalh é exercido segundo regras de marketng que obrigam as pessoas a ser peças de uma engrenagem de sedução tacanha, impondo-lhes "texto" que digam, comportamentos e olhares para com os clientes - que também não são pessoas, mas entidades financeiro-contabilísticas, pessoas-cartão-de-crédito, criaturas lucro com pernas, mas não seres físicos e mentais, afectivos. Que sociedade é esta que trata os seus como descartáveis?

Um texto maior de um dos maiores autores do século XX, Michel Vinaver.
A estreia na encenação de António Parra.

Fotografia © Margarida Araújo



UMA SOLIDÃO DEMASIADO RUIDOSA a partir do romance de Bohumil Hrabal de e Com António Simão Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos M12

No Teatro da Politécnica de 11 a 28 de Março
3ª e 4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb. às 16h00 e às 21h00

Em Almada, no Teatro Municipal Joaquim Benite de 3 a 5 de Abril
Nas Caldas da Rainha, no Teatro da Rainha de 21 a 23 de Maio
No Cacém, no Auditório Municipal António Silva a 30 de Maio

“O céu não é humano e o homem que pensa nem sequer pode ser humano.”
Bohumil Hrabal

Criado em 1997, com estreia no CCB, os Artistas Unidos retomam agora, 23 anos depois, um espectáculo criado por António Simão a partir da novela de Bohumil Hrabal, autor maior. Não é uma reposição, é uma revisão da matéria dada.

Em Praga, há uma cave. Brilhante como uma gruta de tesouros. Sombria e suja como um esgoto. Nessa cave há milhares de livros, centenas de ratos, visões passageiras e palavras que tornam o mundo grande. E há um homem, Hanta. Que há 30 anos empurra afectuosamente os livros, os mais belos e mais banais, para a prensa que os tritura e transforma em cubos de papel. Mas Hanta é um “carniceiro terno”. Sabe salvaguardar as palavras guardando-as na memória, para que elas brilhem que nem sóis, e para que esses sóis o ajudem a ver como pode ser a vida de um homem. Por entre a poeira, o suor e o cheiro a cerveja que não pára de beber, Hanta fala-nos.

Evelyne Pieiller

Fotografia © Jorge Gonçalves



BOSQUE de Ana Isabel Miranda Rodrigues

No Teatro da Politécnica de 11 de Março a 23 de Maio
3ª a 6ª das 17h00 | Sáb. das 15h00 até ao final do espectáculo


Bosque, Floresta e o Devaneio.
“estes desenhos”, escreveu João Pinharanda para uma exposição em 2014, “exigem-nos leitura. Mas uma leitura-livre. Liberta de pautas e de margens essa leitura-livre coincide com a deriva do olhar sobre uma imagem. No acto de ver-ler imagens o olhar procura a inscrição do(s) rosto(s) e do(s) corpo(s), dos céus e das árvores, das cidades e dos mares. Dos gatos e dos objectos dos rituais quotidianos.”


Sim, Ana Isabel Miranda Rodrigues continua o seu passeio ininterrupto,  táctil, registando as visíveis tatuagens do mundo, cicatrizes.



VIDAS ÍNTIMAS de Noël Coward Tradução Miguel Esteves Cardoso Com Rúben Gomes, Rita Durão, Tiago MatiasVânia Rodrigues, Isabel Muñoz Cardoso Cenografia Rita Lopes Alves e José Manuel Reis Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Som André Pires Apoio Musical Rui Rebelo Encenação Jorge Silva Melo Produção Artistas Unidos Co-Produção Teatro Nacional São João e Centro Cultural de Belém M12

Em Viseu, no Teatro Viriato a 21 e 22 de Fevereiro de 2020

Devem ser muito raras as pessoas que são completamente normais, lá no fundo das vidas privadas de cada um. Tudo depende de um dado conjunto de circunstâncias. Se todas as geringonças cósmicas se fundem ao mesmo tempo e se solta a faísca certa, sabe-se lá o que uma pessoa não será capaz de fazer.

Noël Coward, Vidas Íntimas

"A frivolidade só é frívola para aqueles que não são frívolos", diz a Madame De na obra-prima de Max Ophüls. E podia aplicar-se a este teatro de dinner jackets, champanhe, rosas, camélia e muita malícia. Mas vistas agora estas Private Lives são uma das mais cruéis análises das relações matrimoniais. Sob a doçura de uma primavera na Cote d´Azur quanto veneno, quanta maldade, quanto amor perdido? Uma obra-prima que queremos revisitar, um grande autor "menorizado" e fundamental. Depois de Pinter, Williams, Miller, quem? E com um sorriso de compreensão pelas fraquezas humanas.

Jorge Silva Melo

Fotografia © Jorge Gonçalves

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Últimas semanas para ver A MÁQUINA HAMLET de Heiner Müller só até sábado 22 de Fevereiro, no Teatro da Politécnica. E em breve acolhemos o Teatro da Rainha com O PEDIDO DE EMPREGO de Michel Vinaver. E VIDAS ÍNTIMAS de Noël Coward continua a digressão. A 15 de Fevereiro no Teatro Sá de Miranda, em Viana do Castelo. Já em Setúbal, até 1 de Março, na Casa da Cultura temos a exposição de Jorge Gonçalves NESTES ÚLTIMOS TEMPOS.


A MÁQUINA HAMLET de Heiner Müller Tradução Maria Adélia Silva Melo e Jorge Silva Melo Com Américo Silva, André Loubet, Hugo Tourita, Inês Pereira, João Estima, João Madeira, João Pedro Mamede e José Vargas Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Música original João Madeira Luz Pedro Domingos Assistência de Encenação Inês Pereira Encenação Jorge Silva Melo M12

No Teatro da Politécnica de 15 de Janeiro a 22 de Fevereiro
3ª e 4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb às 16h00 e 21h00

Quero habitar nas minhas veias, na medula dos meus ossos, no labirinto do meu crânio.
Heiner Müller, A Máquina Hamlet

Um homem ergue-se das ruínas da história para anunciar que foi Hamlet. Para escapar à violência cíclica e contínua da história, o passado é questionado e desconstruído. Longe da narrativa psicológica, a paisagem da revolução traída. “O slogan da era Napoleónica ainda se aplica: Teatro é a Revolução em marcha.”

Ainda li este texto manuscrito, passado clandestinamente da antiga RDA até à casa de Jean Jourdheuil no Bolulevard St Germain, em Paris onde tantas noites ouvi Heiner conversar bebendo uísque e café até nascer o dia. Traduzi-o então (1977?), no rescaldo do 25 de Novembro, quando sobre os nossos desejos se erguia a asa da normalização democrática. Li-o vezes sem conta, voltei a traduzi-lo. E eis que chega a altura de o lembrar. De o fazer com actores novos com quem quero conversar sobre o que perdemos, o que quisemos, o que tentámos, o que traímos, o que não soubemos, o preço desta vida que lhes deixamos, e as mulheres. E claro, convosco, falar da Esperança, imensa Maldição. Volto a Heiner Müller como quem volta àquelas longas conversas na cozinha do Jean. “Olha, já é manhã! Temos de ir dormir!”

JSM

Fotografia © Jorge Gonçalves



O PEDIDO DE EMPREGO de Michel Vinaver Tradução de Christine Zurbach e Luís Varela Com José Carlos Faia, Inês Fouto, Nuno Machado e Mafalda Teixeira Cenografia Ana Gromicho Luz Filipe Lopes Figurinos, Música e Encenação António Parra Um Espectáculo do Teatro da Rainha M14

No Teatro da Politécnica de 4 a 7 de Março

4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb. às 21h00

"Diz-me Natália para que é que se trabalha? Para ganhar a vida? Mas que vida?"
Michel Vinaver, O Pedido de Emprego

Um desempregado, naquela idade em qu parece não haver futuro, é submetido a uma entrevista de avaliação de capacidades que é um verdadeiro diagnóstico do sistema - o desempregad é a figura pura da vítima -, dos modos de exclusão quando as pessoas atingem certa idade. Nestes lugares de horror, o trabalh é exercido segundo regras de marketng que obrigam as pessoas a ser peças de uma engrenagem de sedução tacanha, impondo-lhes "texto" que digam, comportamentos e olhares para com os clientes - que também não são pessoas, mas entidades financeiro-contabilísticas, pessoas-cartão-de-crédito, criaturas lucro com pernas, mas não seres físicos e mentais, afectivos. Que sociedade é esta que trata os seus como descartáveis?

Um texto maior de um dos maiores autores do século XX, Michel Vinaver.
A estreia na encenação de António Parra.

Fotografia © Margarida Araújo



VIDAS ÍNTIMAS de Noël Coward Tradução Miguel Esteves Cardoso Com Rúben Gomes, Rita DurãoTiago Matias, Vânia Rodrigues, Isabel Muñoz Cardoso Cenografia Rita Lopes Alves e José Manuel Reis Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Som André Pires Apoio Musical Rui Rebelo Encenação Jorge Silva Melo Produção Artistas Unidos Co-Produção Teatro Nacional São João e Centro Cultural de Belém M12

Em Viana do Castelo, no Teatro Sá de Miranda a 15 de Fevereiro de 2020

Devem ser muito raras as pessoas que são completamente normais, lá no fundo das vidas privadas de cada um. Tudo depende de um dado conjunto de circunstâncias. Se todas as geringonças cósmicas se fundem ao mesmo tempo e se solta a faísca certa, sabe-se lá o que uma pessoa não será capaz de fazer.

Noël Coward, Vidas Íntimas

"A frivolidade só é frívola para aqueles que não são frívolos", diz a Madame De na obra-prima de Max Ophüls. E podia aplicar-se a este teatro de dinner jackets, champanhe, rosas, camélia e muita malícia. Mas vistas agora estas Private Lives são uma das mais cruéis análises das relações matrimoniais. Sob a doçura de uma primavera na Cote d´Azur quanto veneno, quanta maldade, quanto amor perdido? Uma obra-prima que queremos revisitar, um grande autor "menorizado" e fundamental. Depois de Pinter, Williams, Miller, quem? E com um sorriso de compreensão pelas fraquezas humanas.

Jorge Silva Melo

Fotografia © Jorge Gonçalves



NESTES ÚLTIMOS TEMPOS de Jorge Gonçalves

Na Casa da Cultura de Setúbal de 1 de Fevereiro a 1 de Março

São retratos, são cenas de peças, são planos gerais, são cenas de conjunto, são momentos. Jorge Gonçalves fotografa-nos  desde 1998. E agora, depois de exposição do Teatro da Politécnica, começamos a mostrá-los nos locais nossos amigos. Tanta gente, nestes últimos tempos. Com o coração.

Jorge Silva Melo

Fotografia © Jorge Gonçalves