segunda-feira, 23 de abril de 2018

A 4 e 5 de Maio apresentamos FRÁGIL de David Greig em Sintra, no Chão d’Oliva. Já na Fundação Serralves, no domingo 6 de Maio, temos O RAPAZ DE UCELLO - OU AQUILO QUE NUNCA PERGUNTEI AO ÁLVARO LAPA de Jorge Silva Melo. E, na Casa da Cultura de Setúbal, a 26 de Abril, Manuel Wiborg e Jorge Silva Melo lêem GOMES LEAL.



FRÁGIL de David Greig Tradução Pedro Marques Com Pedro Carraca Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Encenação Jorge Silva Melo M12

Em Sobral de Monte Agraço, no CineTeatro Sobral a 28 de Abril
Em Sintra, no Chão de Oliva a 4 e 5 de Maio
Adoro ir ao centro. – Se alguma coisa me aborrece no sábado, no domingo ou na segunda – penso – não te preocupes – na terça vais ao centro.

David Greig, Os Acontecimentos
Frágil alista os espectadores numa comunidade de participantes, colocando-os cara a cara e responsabilizando-os por uma inflexível exigência ética perante o Outro. Através de Jack, a precariedade é colocada em primeiro plano. De facto, a peça termina com o seu destino ainda incerto, pois não abandonou o isqueiro. Através do seu comprometimento coral e colectivo no espectáculo, os membros da audiência podem vir a assumir a necessidade de responder ao “outro vulnerável”, e tomar responsabilidade pelas suas acções e compromissos políticos, como um passo para o alcance da mudança social.

Fotografia © Jorge Gonçalves


O RAPAZ DE UCELLO ou aquilo que nunca perguntei ao Álvaro Lapa de Jorge Silva Melo 
Com João Pedro Mamede Luz Pedro Domingos
No Porto, no Auditório de Serralves, 6 de Mai às 18h00
Não, Álvaro Lapa não era evasivo. Era penetrante. Respondia, hesitava pouco, falava baixinho, mantinha um silêncio que ninguém conseguiria interromper. Silêncios por vezes dolorosos.  Eu nem sempre entendia o que ele dizia de forma peremptória, eram "provérbios", dizia. Estive em sua casa em Leça três dias a fazer-lhe perguntas. Provavelmente por eu não ser do meio e por nos termos conhecido em longas tardes de cafés de Lisboa,  naqueles anos 64-66, meus primeiros anos de Faculdade, Lapa abriu-me a casa, até me deu as chaves para o caso de eu "amanhã" querer chegar mais cedo."Que linda camisola!", disse-lhe. Sorriu, aquele sorriso sempre triste que tinha. "Comprei-a para o filme." Confesso que adorava estar ali  sentado a olhar para ele, vê-lo, inteligente, feroz, agudo, acutilante, certeiro, frágil também. Era impossível não o olhar, era um íman. E fiz muitas perguntas, perguntas de leigo, perguntas apenas para ele poder falar, perguntas. E não lhe perguntei, pois foi, não lhe perguntei tanta coisa. Quem era esta sombra de adolescente que entreviu em Uccello ("a minha única referência clássica", terá dito), espelho, rasto? Que  ligação vai daqui ao Gombrowicz cujo Caderno fez... ao Villon das antigas neves?  Tantas perguntas que podia ter feito, que estupidez, o Lapa estava ali mesmo à minha frente e dispusera-se a isso. E não fiz mesmo a principal: o que é a Literatura, Álvaro?
Ficaremos sempre a perguntar-nos isso. Com o João Pedro Mamede, ator que admiro, queria remoer nesta coisa esquisita de estar diante de alguém que admiramos (e Lapa é admirável) e não ser capaz de lhe perguntar aquilo que quero saber, recear ser parvo.
Sim, é sobre aquilo que nunca perguntei ao Álvaro. É, mais uma vez, sobre Literatura.
JSM


EM VOZ ALTA 
os nossos poetas
leituras de poesia portuguesa pelos Artistas Unidos
Eu gosto de ler em voz alta, eu gosto de ouvir poesia lida pelos actores com quem trabalho, eu gosto de poesia lida para várias pessoas, eu gosto de leituras de poesia, ver gente, sentir gente à volta das palavras suspensas do poeta.

Em Setúbal, na Casa da Cultura de Setúbal, 26 de Abril às 21h30
GOMES LEAL por Manuel Wiborg e  Jorge Silva Melo


Fotografia © Jorge Gonçalves


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