terça-feira, 6 de setembro de 2016

Em ensaios finais no Teatro da Politécnica. Sim, para a semana estreamos O RIO de Jez Butterworth e inauguramos uma exposição de João Jacinto, NOITE, NOITE MAIS DO QUE HOJE. E a partir de 13 de Setembro retomamos o TEATRO SEM FIOS da Antena Dois com a transmissão de E DEPOIS O SILÊNCIO de Arne Lygre.


O RIO de Jez Butterworth Tradução Joana Frazão Com Rúben GomesInês PereiraVânia Rodrigues e Maria Jorge Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Assistência Maria Jorge Coordenação Técnica João Chicó Encenação Jorge Silva Melo M14

No Teatro da Politécnica de 14 de Setembro a 22 de Outubro
3ª e 4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | Sáb. às 16h00 e às 21h00
Reservas: 961960281 | 213916750 (dias úteis das 10h00 às 18h00)

E no dia seguinte voltei ao rio, tirei as minhas roupas e mergulhei, procurei os peixes e não os consegui encontrar mas quando voltei à tona estava a segurar alguma coisa. Outra coisa.

Jez Butterworth, O Rio

Um pescador sem nome traz uma mulher sem nome até à sua cabana perto do rio. Ele diz à mulher que a ama e que nunca tinha trazido ninguém àquele lugar. Estranhamente, parece-nos que está a declarar-se a duas mulheres de uma só vez. Será que é com a memória de uma mulher que ele fala? Pode essa memória transformar-se? Numa meditação onírica sobre o amor e a saudade, Jez Butterworth torna visíveis os fantasmas de um passado mutável como o fluxo do rio.

Fotografia © Jorge Gonçalves


E DEPOIS O SILÊNCIO de Arne Lyqre

Com David Esteves, João Cachola e Vicente Wallenstein Direção Álvaro Correia

Na Antena 2, 13 de Setembro, 21h00

Peça inquietante que procura a esperança num mundo que está a colapsar. Podemos mudar o curso das nossas vidas? Afundamo-nos ou nadamos? A peça assenta na batalha para nos definirmos a nós próprios, pelo poder e no nosso sentido de estarmos inexoravelmente sozinhos. A peça é criada na continuidade da peça “Homem sem Rumo”, já apresentada pela Comuna em 2008, recuperando uma das personagens da peça.
 Precisamos de histórias para nos assegurarmos de quem somos, para nos dar um sentido de identidade, de compreensão do outro, mas Arne Lygre acaba com a troca simbiótica entre quem conta e quem ouve de modo a que não seja possível a quem ouve confiar mais. Arne Lygre cria dez cenas densas de imagens poéticas, que explora o que cada homem é capaz de fazer para sobreviver. Sobreviver como uma memória, como um amante, como uma mãe cujo filho morre, como um prisioneiro que é torturado, como um rapaz que é vítima de bullying num jogo de guerra, ou então como líder de um país acabado de inventar. A peça traz-nos um momento de análise filosófica sobre uma problemática antropológica cada vez mais crescente na sociedade contemporânea: a solidão.

Fotografia © Bruno Simão



Exposição de João Jacinto

No Teatro da Politécnica de 14 de Setembro a 22 de Outubro
3ª a 6ª das 17h00 | Sábado das 15h00 até final do espectáculo
Inauguração dia 14 de Setembro pelas 21h00
 
"Quando a taciturna chegar e decapitar as túlipas", dizia Paul Celan, o poeta que logo procurei ao chegar um dia destes do atelier do João Jacinto e ele me mostrar uma infinidade de papéis (não disse desenhos, não sei se são, o carvão aqui pinta o magma, a noite sem redenção, serão pintura). "Quando a taciturna chegar." E neste poema, ele pergunta: "quem assomará à janela?" Procuro esta poesia para salvar o susto? Redimir o temor? Procuro estes dizeres para arrumar o medo? Para sobreviver ao inverno dos corpos? Na arte (mortuária? espectral?) de João Jacinto, emergem figuras, assombrações, pesadelos, fantasmagorias. Emergem, disse. Mas podia também dizer "afundam-se". E repetem-se, repetem-se, repetem-se, avassaladoras.

Jorge Silva Melo





Sem comentários:

Enviar um comentário