MORTE DE UM CAIXEIRO
VIAJANTE de Arthur Miller Tradução
Ana Raquel Fernandes e Rui Pina Coelho Com Américo Silva, Ana
Amaral, André Loubet, António Simão, Hélder Braz, Joana Bárcia, Joana Resende,
José Neves, Paula Mora, Pedro Baptista, Pedro Caeiro, Rita Rocha Silva / Nídia
Roque e Tiago Matias Cenografia
e Figurinos Rita Lopes Alves Som André Pires Luz Pedro Domingos Assistentes Nuno Gonçalo
Rodrigues e Joana Resende Encenação
Jorge Silva Melo Co-produção
Artistas Unidos, TNDM, TNSJ M12
No TNDMII de 26 de Maio a 5 de Julho
4ª
a Sáb às 19h00 | Dom. às 16h00
HAPPY Vou mostrar-te a ti e a toda a gente que Willy Loman não
morreu em vão. Ele tinha um sonho bom. O único sonho que vale a pena ter — ser
o número um. Lutou muito, e agora hei-de consegui-lo por ele.
Arthur Miller, Morte de um Caixeiro Viajante
E agora, que é feito de
nós?
Estados Unidos, anos 40. Estamos no Sonho Americano, o ideal de self made man e
o mito do sucesso. Willy Loman quer dar o mundo aos seus filhos, quer que o
conquistem. Depois de 34 anos a trabalhar como caixeiro viajante, vê os seus
sonhos desvanecerem-se, perdendo o chão e, consequentemente, a noção de
realidade. Uma tragédia moderna do cidadão comum, que encontra na impotência do
fracasso a derradeira violência. É mesmo arrepiante ver, agora, esta Morte de
um caixeiro viajante que sobressaltou o mundo na sua estreia, na Broadway, em
1949 (num espetáculo dirigido por Elia Kazan) e que a Portugal chegou com a
histórica encenação de António Pedro para o TEP, em 1954. Escrita no imediato
pós-guerra, é um sentido Requiem por uma sociedade que se baseia no triunfo
individual, na competição, na exploração. Um Requiem pelo capitalismo. E um dos
retratos mais magoados do Sonho Americano. E agora que outras crises do
capitalismo se abatem sobre as nossas vidas? E agora que estamos metidos nisto?
E agora, que é feito de nós?
JSM
Fotografia © Jorge Gonçalves
JSM: O CINEMA DE JORGE SILVA MELO E CARTA BRANCA SEM RECEITA
Na Cinemateca de 9 a 31 de Maio
É em maio – “maduro
maio” dizia Jorge Silva Melo a acertar a data para 2022 – que a Cinemateca
volta integralmente à retrospetiva interrompida poucos dias após o início, em
Março de 2020. A acompanhar a retrospectiva da sua obra, as 20 escolhas de Jorge
Silva Melo em 2020, com a falha, por inacessibilidade de cópia de O Longo
Adeus de Kira Muratova. E um 21º filme, um Lubitsch escolhido pela
Cinemateca em raccord com a sua última encenação, Vida de Artistas de
Noël Coward: Design for Living.
AS ONDAS a partir da tradução de Francisco Vale / Relógio D’Água Editores do romance As Ondas de Virginia Woolf Adaptação do texto Ricardo Braun Criação e interpretação Alfredo Martins, Anabela Almeida, Duarte Guimarães, Luís Godinho, Sara Duarte e Tânia Alves Acompanhamento da criação Cláudia Gaiolas Cenografia Carla Martinez Figurinos Ainhoa Vidal Luz Joana Mário Música e desenho de som João Bento Produção executiva Mariana Rolim Design Luís Cepa Estagiários Carolina Macieira e Rafael Oliveira Consultoria Alda Correia e Luísa Flora Produção teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser Apoio – Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direcção-Geral das Artes, Residências – Quinta Alegre – Lugar de Cultura e Fábrica Braço de Prata M12
No Teatro da Politécnica de 8 a 25 de Junho
3ª a Sáb. às 21h00
“Começo a esquecer, começo a duvidar do aqui e do agora. Vi tantas coisas, pronunciei tantas frases. Por isso pergunto: “Quem sou eu?” Falei de Bernard, de Neville, de Jinny, de Susan, de Rhoda e Louis. Serei acaso todos eles ao mesmo tempo? Serei um ser distinto e único? Não sei. Sentamo-nos aqui juntos. Mas Percival morreu e Rhoda morreu. Dispersamo-nos. Não estamos aqui. Mas apesar disso, não vejo nada que nos separe. Somos a mesma pessoa. Essas diferenças que nos pareciam tão importantes, essa identidade a que concedíamos tanta importância, foi superada. Sim, ainda tenho na fronte o golpe que recebi quando Percival caiu. E na nuca guardo o beijo que Jinny deu em Louis. Os meus olhos enchem-se com as lágrimas de Susan. E ao longe, tremulando como um fio de ouro, vejo a coluna que Rhoda entreviu no deserto. Mas agora tudo terminou.”
Virginia Woolf, As Ondas
Em 2022, a equipa do teatro meia volta propõe-se a adaptar para cena o romance As Ondas, de Virginia Woolf. Esta proposta dá continuidade a uma reflexão sobre a passagem do tempo e os processos de crescimento/envelhecimento, iniciada no espetáculo Joyeux Anniversaire, criado em 2021, para a comemoração dos 15 anos de existência da estrutura. Em As Ondas, Virginia Woolf constrói uma delicada partitura que se movimenta entre seis monólogos interiores. O texto segue os seis narradores-personagens desde a infância à idade adulta, explorando os processos de construção e mediação da individualidade e do coletivo. Há ainda uma sétima personagem que não tem voz, mas é descrita e referenciada pelas outras. Marguerite Yourcenar, tradutora francesa do romance, descreveu-o assim: As Ondas é um livro com seis personagens, ou melhor, seis instrumentos musicais, pois consiste unicamente em monólogos interiores, cujas curvas se sucedem e entrecruzam com uma segurança que lembra a Arte da Fuga de Bach. Nesta narrativa musical, os breves pensamentos de infância, as rápidas reflexões sobre os momentos de juventude e de confiante camaradagem desempenham o mesmo papel dos allegri nas sinfonias de Mozart, abrindo espaço para os lentos andantes dos imensos solilóquios sobre a experiência, a solidão e a maturidade.
Tanto como uma meditação sobre a vida, As Ondas é um ensaio sobre a solidão. Trata-se de seis crianças, três raparigas, Rhoda, Jinny e Susan; e de três rapazes, Louis, Neville e Bernard, que vemos crescer, diferenciar-se e envelhecer. Uma sétima criança, que nunca toma a palavra e que só conhecemos através das outras, é o centro do livro, ou melhor, o seu coração.
OBSTRUÇÃO de Dimítris Dimitriádis Tradução José António Costa Ideias Com André Loubet, Diogo Freitas, Simon Frankel, Pedro Caeiro, Pedro Lacerda Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Assistente Nuno Gonçalo Rodrigues Encenação Jorge Silva Melo M16
No Teatro da Politécnica de 22 de Junho a 2 de Julho
3ª a Sáb às 19h00
NARCISO É isto que sou / Um não / Um só não
Dimitris Dimitriadis, Obstrução
São pequeníssimos textos – escritos por Dimítris Dimitriádis, autor imprescindível para nós – a partir de mitos gregos. Mas aquilo que ele quer não é voltar a falar do passado, é questionar o presente: quem é agora Narciso? Quem é agora Tântalo? Que desejo (porque é disso que se trata), se imiscui no meio destas personagens desabrigadas, nuas, tristes?
Um espectáculo experimental com os textos inéditos de Dimítris Dimitriádis.
Fotografia © Jorge Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário